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quarta-feira, 17 de maio de 2023

A morte na tradição do povo Macua. Realidade de aLalaua

O fenómeno morte na tradição Macua, fim de tudo?

Há uma concepção sobre a morte, difícil de entender, sobretudo quando relacionamos a realidade factual com a realidade “crença” de um Macua tradicional. A questão da realidade factual insere-nos à realidade de que, quem morreu já se foi, nada se pode fazer, muito menos ainda interferir na vida de “um ser” que sente o calor do sol.

Para um macua tradicional, a morte não é o fim, muito menos a descontinuidade das relações com os familiares vivos, como se concebe na realidade dos factos. A morte como irá mostrar-se neste grupo é considerada como uma ponte entre o mundo invisível e o mundo visível; entre o passado e o futuro.

E, por falar disso, os Macuas respeitam muito os seus defuntos. É por esta razão que, falar da questão do culto aos defuntos é um fenómeno de muita relevância entre os Macuas. Embora notabilizem-se rastros que indicam que tal prática (culto aos mortos) esteja presente nos mais diferentes povos da terra.

Em contrapartida, devemos entender que: um “O autêntico culto surge mais tarde, passado um certo período de tempo desde o acontecimento da morte, numa fase em que se estabelece um relacionamento durável entre os vivos e os mortos (Martinez, 1995).

No entanto, não estou a referenciar neste artigo a morte como aquele “acontecimento do momento”, mas sim a morte como “aquele silenciar da voz” que perdura até todo o sempre,  uma vez que é esse silenciar, em particular para um Macua, que é o mais preocupante.

Na realidade, não existe alguma coisa mais digna de fé, que ultrapasse a preocupação que um Macua tem em relação ao mundo invisível. A predominância da preocupação daquilo que não se vê comparativamente ao que se vê, tem como justificativa a residência de forças que não podem ser domesticadas.

É isso mesmo! Para um Macua tradicional a preocupação é muito mais inclinada para o mundo invisível, pois é lá onde residem as forcas  que ele é incapaz de dominar e/ou domesticar. Aliás, na concepção do Macua tradicional, o invisível é um mundo sagrado, mundo de tabu, que por isso deve ser respeitado e nunca profanado. Mais do que isso, o mundo invisível é fundamento de grande parte das proibições uma vez que é la onde moram os defuntos.

Fora do que já referenciei sobre a morte até então, um Macua tradicional valoriza cabalmente o mundo invisível pelo facto de ser o destino de todo homem. Os bons, os maus, os ricos, pobres, baixinhos estão lá. E, a ideia de que o mundo invisível carrega todos os que fizeram o mal assim os que fizeram o bem, propõe à uma mentalidade de que o mundo invisível é a fonte do antagonismo entre bem e o mal. E, é por isso que Deus, sendo bom encontra-se no mundo invisível.

Assim, entre olhar a morte como rotura e um passo de continuidade, os macuas olham-na como uma mudança de estado. Uma vez perdida a vida, a pessoa muda do físico ao intangível; do visível ao invisível. É por isso que, ao ser sepultado um membro macua há uma série de rituais a serem observados. Trata-se de rituais que ajudarão a situar o defunto num mundo próprio. Tem-se em mente que, a inobservância de um só passo ou a omissão de algum ritual irá comprometer o caminho ao mundo invisível.

Outra realidade relacionada à morte é a questão de mediação. Não existem outras pessoas que podem levar o sofrimento, as lágrimas, as preces, etc. dos vivos à Deus senão os defuntos. É nisso que se exprime a continuidade da presença daqueles que não podem ajudar diretamente, mas podem mediar; não podem limpar lágrimas dos vivos, mas não estão indiferentes aos sofrimentos. Os mortos, assim são um passo necessário para se chegar à Deus.

Na tradição Macua, um membro da família quando morre a sua identidade não é apagada, ele vai continuar a pertencer a mesma e, até é visto como símbolo de união dos laços familiares. Em alguns casos, o nome pode ser “revestido” à um membro vivo, este processo que leva o nome de “Othelihiwa nsina”.

No entanto, quanto a questão de mediação, a ação interventivas é em primeiro lugar para a família de pertença. Assim, quando morre, por exemplo um chefe do clã, ele é venerado por todo clã, pois no caso da mediação falo-a para todo o clã. Quando morre um pai, será visto em primeiro lugar como quem intercede pela família que formou.





segunda-feira, 15 de maio de 2023

O que é estratificação e desigualdade social?

Sistemas de Estratificação e desigualdade social

Estratificação social

O termo estratificação social é usado pelos sociólogos para “descrever as desigualdades que existem entre indivíduos e grupos dentro da sociedade humana” (Costa, 2012, p. 309). Assim sendo, o conceito estratificação social pode ser entendido como a posse de recursos em comparação entre indivíduos ou grupos, ao mesmo tempo podemos incluir outros atributos, tais como: género, idade,  filiação religiosa ou classificação militar.

Teorias de estratificação social

Segundo Costa (2012) há 3 correntes teóricas, uma surge com Karl Marx, a outra com Max Weber e a terceira surge com Erik Olion Wright.

A teoria de Karl Marx 

Esta teoria fundamenta-se na relação entre as classes. Para Marx a classe social é um grupo de pessoas que têm uma relação comum com os meios de produção, os meios pelos quais ganham a vida.

Na sua teoria, Karl Marx defende que a relação entre as classes é de exploração. Do ponto de vista do tema proposto, quando relacionada à esta teoria verifica-se que é devido a referida exploração que se notabiliza a questão de desigualdade na sociedade.

Teoria de Max Weber

Weber baseou-se na análise desenvolvida por Max, mas ele modificou e aperfeiçoou. No entanto, enquanto Max defendia que as classes se centravam na relação de exploração o que sustenta a estratificação, Max Weber desenvolveu uma visão mais complexa e muldimensional da sociedade.

Na sua teoria Weber sustenta que a estratificação social não é uma simples questão de classe. Mas é influenciada por dois outros aspesctos que são: statuse partido.

Teoria de Erik Olion Wright

O Sociólogo norte Americano Wright desenvolveu uma teoria influente sobre as classes sociais, que combina aspectos das abordagens de Marx e Weber.

Segundo Wright, existem três dimensões de controle sobre os recursos económicos na produção capitalista moderna, e elas nos permitem identificar as principais classe que existem:

Controle sobre investimentos ou capital financeiro.

Controle sobre os meios físicos de produção (terra ou fábricas e oficinas).

Controle sobre a força de trabalho.

Aqueles que pertencem à classe capitalista, detêm o controle de uma dessas dimensões no sistema de produção. Já os membros da classe trabalhadora não têm controle sobre nenhuma delas. Entre essas duas classe principais, porém, estão os grupos cuja a posição é mais ambígua- os gerentes e os trabalhadores de carimbo branco mencionados antes. Essas pessoas se encontram naquelas que Wright chama de posições de classes contraditórias, pois são capazes de influenciar certos aspectos da produção, mas lhe é negado o controle sobre o outro.

Se formos a ver, os trabalhadores de classe de média, como gerentes e supervisores, têm relação mais privilegiadas com autoridade do que a classe trabalhadora.

Critérios de Estratificação

De acordo com Silva (1981), a estratificação é uma característica universal das sociedades humanas, mas os seus critérios constituem uma criação do observador.

Este pode escolher um critério quantitativo ou qualitativo, ou ainda combinar ambos segundo um dos modelos de quantificação mencionados. Assim, ao usar estes critérios, o observador está medindo os níveis de desigualdades da sociedade.

Características da estratificação social

De acordo com (Costa 2012), “todos os sistemas socialmente estratificados compartilham três características básicas” ( p. 311). Tais características segundo o autor, distinguem-se:

Ø As classificações  se aplicam a categorias sociais de pessoas que compartilham de uma caraterística comum sem necessariamente interagirem ou se identificarem. Por exemplo: as mulheres podem ser classificadas de forma diferente dos homens e as pessoas pobres de forma diferente de pessoas ricas. Isso não significa que um indivíduo de uma determinada categoria não possa mudar de nível, todavia a categoria continua a existir, mesmo que uma pessoa mude para outra.

Ø Experiência e oportunidade de vida de pessoas dependem muito de como as pessoas são avaliadas, ser mulher ou homem, branco ou negro, ser de alta ou da classe trabalhadora faz grande diferença em termos de chances de vida. Uma diferença tão grande quanto esforço pessoal ou a sorte.

Ø As classificações de diferentes categorias sociais tendem a mudar de forma muito lenta ao longo do tempo. Nas sociedades industrializadas, por exemplo, apenas recentemente as mulheres, como um todo, começaram a alcançar igualdade com os homens.

Formas de estratificação social

Conforme as ideias de Costa (2012) e Nova (2004) são consideradas formas de estratificação social: a escravidão, as castas e os estamentos.

Assim, a escravidão é uma forma de extrema desigualdade, na qual certas pessoas estratificação são posses das outras.

As castas o que caracteriza esta forma de estratificação é que, nele a localização dos indivíduos na hierarquia social é herdada. De modo que é absolutamente interdita a mobilidade social.

Os estamentos são uma outra forma de estratificação social típicas das sociedades aristocratas. Nele as características fundamentais consistem em:

a) Privilégio tem um peso significativamente  maior do que a riqueza na localização dos indivíduos na hierarquia social.

b) A localização do indivíduo na hierarquia social não é somente uma realidade económica de facto, mas principalmente de direito.

Desigualdade social

Segundo Abrantes e Katúmua (2014) a questão da “desigualdade social é diferença entre pessoas e grupos. Mas não qualquer diferença, por exemplo: pessoas baixas e outras altas, ou pessoas que gostam de comer carne e as que gostam de comer peixe, isso não é desigualdade social” (p.176).

Entretanto, a questão desigualdade social remete-nos à ideia de hierarquia dos indivíduos em sectores, posição social, a questão de renda, classes sociais.

Tipologia de estratificação e desigualdade

Há três tipos de desigualdades que são distinguidas pelos autores Abrantes e Katúmua (2014), que são:

a) Desigualdades vitais têm a ver com a esperança de vida dos indivíduos, as possibilidades de contrair doenças e de ter cuidados da saúde, a alimentação, etc.

b) Desigualdades existenciais têm a ver com a liberdade e o respeito pelos indivíduos, incluindo questões como a segregação, a descriminação e a exclusão.

c) Desigualdades de recursos que têm a ver com as diferenças nas condições de vida e nos rendimentos (recursos materiais), mas também no estatuto social e nas habilitações (recursos simbólicos).

Conceito de Mobilidade

O conceito da mobilidade social refere a “locomoção dos indivíduos no sistema de posição da sua sociedade” (Nova, 2004, p. 155). Em outras palavras, há mobilidade quando nota-se um movimento, de indivíduos, famílias ou grupos de um sistema de hierarquia. Aqui não se trata de qualquer movimento, mas sim deslocamentos entre posições sócio-económicas.

Natureza

Assim sendo, a mobilidade pode ser horizontal ou vertical. Na mobilidade horizontal o indivíduo muda do seu status mas permanece na mesma camada social. E, a mobilidade vertical ocorre quando o indivíduo depois de mudar de status muda também de camada social.

Nova (2004) considera que a mobilidade vertical pode ser ascendente ou descendente. Na primeira ocorre quando o indivíduo muda de status, sobe na hierárquia de camada da sua sociedade, sendo a segunda o oposto da primeira.

Assim, quando a pessoa muda de emprego ou mesmo de ocupação, mas não altera substancialmente as suas oportunidades de vida, mesmo que essa mudança tenha resultado em aumento ou diminuição dos seus ganhos, então podemos que nisso houve uma mobilidade horizontal.

Ressaltar que a questão de mudança de status varia de sociedade para sociedade. Assim, nas sociedades tradicionais aristocráticas, essas possibilidades são muito reduzidas. Já nas sociedades modernas, nas quais a prática da tradição é de menor importância tendem a dar mais oportunidades de mudança de status aos seus membros. Estas são chamadas por sociedades abertas, enquanto as primeiras são denominadas por sociedades fechadas.

Bibliografia

Abrantes, P. & Katúmua, M. B. (2014). Curso de Sociologia. Escolar editora. Angola

Costa, R. C. (2012). Sociologia. 6ª ed. Porto Alegre, Brasil.

Nova, S. V. (2004). Introdução à Sociologia. 6ª ed. Editora Atlas, S.A. São Paulo, Brasil.

Silva, G. B. da (1981). Critérios de estratificação social. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 15: 38-45. Último acesso em 12 de Maio de 2023. Artigo disponível em:  https://doi.org/10.1590/S0034-89101981000100005

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