O que é estratificação e desigualdade social? Sistemas de Estratificação e Desigualdade Social
Estratificação Social: Definição e Significado
O conceito de estratificação social refere-se à divisão da sociedade em camadas ou classes sociais que apresentam diferentes níveis de acesso a recursos, oportunidades e direitos. Segundo Costa (2012), a estratificação social pode ser definida como “as desigualdades que existem entre indivíduos e grupos dentro da sociedade humana” (p. 309). Essas desigualdades não se limitam apenas à posse de recursos materiais, como riqueza e renda, mas também incluem fatores como gênero, idade, religião e classificação militar.
Portanto, a estratificação social implica a existência de um sistema hierárquico onde algumas pessoas ou grupos têm mais acesso a bens e serviços que outros, gerando desigualdades sociais que permeiam a sociedade.
Teorias de Estratificação Social
Existem várias abordagens teóricas que tentam explicar a estratificação social. As mais influentes são as propostas por Karl Marx, Max Weber e Erik Olion Wright.
A Teoria de Karl
Marx Karl Marx, um dos maiores pensadores sociais do século XIX, afirmou que a estratificação social é uma consequência das relações de produção na sociedade. Para ele, a sociedade está dividida principalmente entre duas classes: a burguesia, que detém os meios de produção (fábricas, terras, etc.), e o proletariado, que depende da venda de sua força de trabalho para sobreviver. Marx vê a relação entre essas classes como uma relação de exploração. A desigualdade social surge da exploração do trabalho dos proletários pelos capitalistas.
A Teoria de Max Weber
Max Weber, embora inspirado por Marx, desenvolveu uma visão mais complexa sobre a estratificação social. Segundo Weber, a estratificação não se resume à relação de classe, mas também envolve outras dimensões, como status e partido. O status refere-se ao prestígio social e ao respeito que um indivíduo ou grupo recebe na sociedade, enquanto o partido envolve a capacidade de um grupo influenciar as decisões políticas e sociais. Para Weber, a estratificação social é multidimensional e não apenas econômica.
A Teoria de Erik Olion Wright
O sociólogo norte-americano Erik Olion Wright combinou as ideias de Marx e Weber em sua análise da estratificação social. Wright argumenta que existem três dimensões principais de controle sobre os recursos econômicos na sociedade capitalista moderna:
- Controle sobre investimentos ou capital financeiro.
- Controle sobre os meios físicos de produção, como terras e fábricas.
- Controle sobre a força de trabalho.
Ele argumenta que a classe trabalhadora não tem controle sobre nenhum desses três aspectos, enquanto os capitalistas detêm o controle sobre pelo menos um deles. Entre essas duas classes principais, existem grupos intermediários, como gerentes e trabalhadores de colarinho branco, que ocupam posições contraditórias. Esses indivíduos têm algum controle sobre certos aspectos da produção, mas não possuem controle completo.
Critérios de Estratificação Social
De acordo com Silva (1981), a estratificação social é uma característica universal das sociedades humanas, mas seus critérios podem variar dependendo da sociedade observada. A estratificação pode ser medida por critérios quantitativos, como a renda, ou qualitativos, como o prestígio ou a ocupação. O uso desses critérios ajuda a identificar os níveis de desigualdade social em uma determinada sociedade.
Características da Estratificação Social
Segundo Costa (2012), a estratificação social compartilha três características principais:Categorias sociais: A estratificação aplica-se a grupos de pessoas que compartilham características comuns, como gênero, classe social ou etnia. No entanto, essas pessoas podem não interagir ou se identificar diretamente umas com as outras.
Experiência de vida desigual: A posição de uma pessoa na hierarquia social afeta significativamente suas chances de vida, oportunidades educacionais, emprego e saúde. A diferença entre as classes sociais é muitas vezes mais impactante do que o esforço pessoal ou a sorte.
Mobilidade social lenta: As mudanças nas classificações sociais tendem a ocorrer de forma lenta ao longo do tempo. Em sociedades industrializadas, por exemplo, as mulheres recentemente começaram a alcançar maior igualdade com os homens, embora o progresso seja desigual.
Formas de Estratificação Social
De acordo com Costa (2012) e Nova (2004), existem diversas formas de estratificação social, entre elas a escravidão, as castas e os estamentos:
Escravidão: Forma extrema de desigualdade social, onde certos grupos de pessoas são tratados como propriedade de outros, sem liberdade ou direitos.
Castas: Sistema de estratificação em que a posição social de um indivíduo é determinada ao nascimento e não há mobilidade entre as castas. A mobilidade social é totalmente proibida neste sistema.
Estamentos: Característicos das sociedades aristocráticas, onde o privilégio de classe é mais importante do que a riqueza. A posição de uma pessoa na hierarquia é, muitas vezes, determinada por leis ou normas sociais, e não pela riqueza ou influência pessoal.
Desigualdade Social
De acordo com Abrantes e Katúmua (2014), a desigualdade social não se refere a qualquer tipo de diferença entre indivíduos ou grupos, mas sim àquelas que envolvem hierarquia, posição social e a distribuição de recursos. A desigualdade social envolve a distribuição desigual de riqueza, poder, prestígio e oportunidades. Ela pode ser estrutural (baseada na organização da sociedade) ou individual (baseada nas características pessoais de cada um).
Tipologia de Desigualdade Social
Abrantes e Katúmua (2014) descrevem três tipos principais de desigualdade social:
Desigualdade vital: Refere-se à diferença nas condições de vida, como a expectativa de vida, a acesso a cuidados de saúde, e as condições de alimentação.
Desigualdade existencial: Relaciona-se com a liberdade e o respeito pelos direitos dos indivíduos, incluindo questões como segregação, discriminação e exclusão social.
Desigualdade de recursos: Diz respeito às diferenças nos rendimentos, condições de vida e acesso a recursos materiais e simbólicos.
Mobilidade Social
A mobilidade social é o movimento de indivíduos ou grupos dentro da hierarquia social. De acordo com Nova (2004), a mobilidade pode ser horizontal ou vertical:
Mobilidade horizontal: Quando um indivíduo muda de posição dentro da mesma camada social, como mudar de trabalho ou de bairro sem alteração de status.
Mobilidade vertical: Ocorre quando há uma mudança significativa de status, com o indivíduo movendo-se para uma camada social superior (mobilidade ascendente) ou inferior (mobilidade descendente).
As sociedades abertas, como as modernas, oferecem mais oportunidades de mobilidade social do que as sociedades fechadas, onde as posições sociais são rigidamente determinadas.
Bibliografia
Abrantes, P. & Katúmua, M. B. (2014). Curso de Sociologia. Escolar Editora. Angola.
Costa, R. C. (2012). Sociologia (6ª ed.). Porto Alegre, Brasil.
Nova, S. V. (2004). Introdução à Sociologia (6ª ed.). Editora Atlas, S.A. São Paulo, Brasil.
Silva, G. B. da (1981). Critérios de Estratificação Social. Rev. Saúde Públ., S. Paulo, 15: 38-45. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0034-89101981000100005

Comentários
Enviar um comentário