LIDERANÇA E PODER NAS ORGANIZAÇÕES

Liderança e Poder: conceitos fundamentais

Liderança e poder são conceitos essenciais para entender a dinâmica de qualquer organização, mas muitas vezes são confundidos. Vamos dar uma olhada mais detalhada neles.

Liderança é a capacidade de motivar, influenciar, inspirar e guiar um grupo de pessoas rumo a objetivos comuns. É sobre conduzir sua equipe de maneira que todos compartilhem uma visão e trabalhem unidos para alcançá-la (Oliveira, 2014).

Por outro lado, poder, segundo Mintzberg (1989), é a capacidade de influenciar ou mudar os resultados dentro de uma organização. Em outras palavras, poder é a habilidade de gerar impacto através da sua influência, seja de forma direta ou indireta.


A principal conexão entre esses dois conceitos está na influência. A diferença, no entanto, é a ação: o poder é a capacidade de influenciar em potencial, enquanto a liderança é o ato de usar esse poder de forma eficaz. Em outras palavras, a liderança é, essencialmente, uma manifestação ativa do poder.

A Liderança pode ser desenvolvida

Apesar de muitos acreditarem que a liderança é uma qualidade nata, John Maxwell (1947) argumenta que ela é, na verdade, uma habilidade que pode e deve ser desenvolvida. Ele compara a liderança ao investimento em ações: assim como no mercado financeiro, os resultados surgem ao longo do tempo, com paciência e consistência.

O importante aqui é entender que todo bom líder possui características que podem ser cultivadas. Maxwell destaca que a liderança vai além de apenas saber comandar. Ela envolve:

  • Motivar e inspirar a equipe a alcançar seus objetivos com empenho.
  • Criar um ambiente produtivo e positivo no trabalho.
  • Tomar decisões eficazes, que guiem a organização ao sucesso.
  • Desenvolver e preparar sua equipe para o futuro.

A complexidade da liderança

A liderança não é simples. Ela envolve uma série de qualidades intangíveis, como respeito, experiência, força emocional, habilidades interpessoais e a capacidade de agir no momento certo. Todos esses aspectos exigem maturidade e visão de longo prazo.

Por isso, um líder eficaz precisa estar atento ao equilíbrio entre essas qualidades, desenvolvendo não apenas suas habilidades técnicas, mas também sua inteligência emocional e social.

Como Maxwell (1947) aponta, a liderança exige um nível elevado de autoconhecimento e disciplina para ser bem-sucedida. É uma habilidade que cresce com o tempo, prática e experiência.

A Posição do líder em uma organização: um olhar mais profundo

A liderança não se limita a uma posição hierárquica; ela está presente em todas as organizações, independentemente da estrutura ou da forma de gestão adotada. De acordo com Oliveira e Marinho (2005), a figura do líder é essencial em qualquer grupo, seja no mundo corporativo ou até mesmo no reino animal, onde a liderança se manifesta como um instinto de proteção e orientação para a sobrevivência do grupo.

No mundo animal, o líder não é apenas o mais forte, mas sim aquele que garante a segurança, fornece recursos e guia o grupo com respeito e cuidado. Da mesma forma, nas organizações humanas, o papel do líder se torna crucial para a eficácia e o sucesso do grupo, especialmente em tempos de crescente humanização e foco em trabalho em equipe.

O Papel do líder no modelo de gestão atual

Nos dias de hoje, o conceito de equipe ganhou grande destaque. O individualismo deu espaço ao trabalho colaborativo, onde cada membro contribui com suas habilidades técnicas e intelectuais para o sucesso coletivo. Para Peter Drucker (2001), não existe uma organização sem um líder. Ele compara a figura do líder ao comandante de um navio: quando o navio enfrenta uma tempestade, o líder não convoca uma reunião para discutir o que fazer, ele toma a decisão imediatamente.

Esse conceito reforça a ideia de que, em momentos críticos, a liderança deve ser assertiva, com ações rápidas e eficazes. Isso não significa que o líder deve ser autoritário, mas sim que sua capacidade de tomar decisões rápidas é um dos fatores que definem seu papel.

O Surgimento do líder e a dinâmica de grupo

De acordo com Balcão e Cordeiro (1979), o surgimento de um líder em um grupo não é uma questão de status ou hierarquia formal. Ao contrário, ele se origina de uma relação operacional entre os membros do grupo, sendo reconhecido por sua capacidade de organizar e coordenar a cooperação. Ou seja, o líder não é alguém que impõe sua autoridade, mas alguém que se destaca pela sua habilidade de colaborar e guiar os outros para alcançar os objetivos do grupo.

A comunicação entre líder e liderado é um aspecto fundamental para essa dinâmica. Chiavenato (2000) descreve três níveis organizacionais – Institucional, Intermediário e Operacional – e destaca que a comunicação entre esses níveis deve ser clara e eficaz para garantir que os objetivos da organização sejam atingidos.

  • O nível Institucional é onde se toma as decisões estratégicas e se define o futuro da organização.
  • O nível Operacional é onde as tarefas são executadas e a eficiência é garantida.
  • O nível Intermediário é o elo de comunicação entre os dois,  assegurando que as informações fluam de maneira eficaz e o planejamento seja colocado em prática.

O Desafio do líder: adaptar-se à realidade da organização

Nos tempos atuais, a realidade organizacional está em constante transformação. A cadeia hierárquica está menos rígida, a comunicação é instantânea e a competitividade é acirrada. Nesse contexto, os líderes precisam não apenas adaptar seu estilo de liderança às necessidades da organização, mas também compreender o comportamento e as expectativas de sua equipe.

O estilo de liderança deve estar alinhado com a cultura organizacional e as particularidades de cada grupo. Às vezes, o líder precisa investir mais tempo e esforço para transformar equipes relutantes em equipes engajadas e comprometidas. Em outros momentos, a adaptação ocorre de forma mais fluida, sem grandes dificuldades.

O papel do líder nas relações de poder e comunicação

De acordo com Gnoato, Spina e Spina (2012), o líder é o elo central em uma rede de relações dentro da organização. Ele é a figura em quem os funcionários depositam confiança para obter informações claras sobre o que está acontecendo na empresa. Seja para esclarecer rumores ou transmitir decisões importantes, o líder é a principal fonte de comunicação.

Em todas as relações, existe uma troca de interesses e poder. O líder não apenas exerce poder sobre os outros, mas também é moldado pelas necessidades, expectativas e pressões do grupo e da organização.

O líder como facilitador de relações

Em suma, a liderança é uma habilidade que vai além da simples gestão de pessoas. Ela envolve a capacidade de entender as relações humanas dentro da organização, de gerir o poder de forma ética e de criar um ambiente onde todos, liderados e líderes, possam crescer e alcançar seus objetivos. A habilidade de se comunicar de forma transparente e eficaz é o que diferencia um bom líder, tornando-o não apenas um gestor, mas também um facilitador das relações dentro da empresa.

Tipos e estilos de liderança: como cada líder se molda à sua realidade

A liderança é uma habilidade que se constrói ao longo do tempo e se adapta às situações e ao grupo em questão. Não há características mágicas ou inatas que definem um líder. Pelo contrário, o processo de liderança é moldado pela prática constante, pelas necessidades do grupo e pelos desafios enfrentados.

Como Gnoato, Spina e Spina (2012) explicam, a liderança não é algo que nasce com a pessoa, mas algo que se desenvolve de acordo com as circunstâncias. Isso nos leva a romper com a ideia romântica de que os líderes têm atributos especiais. Na verdade, um bom líder vai se construindo ao longo de sua trajetória, com base em suas experiências e em como ele lida com os desafios impostos pelo ambiente.

Líder funcional e líder símbolo

Dentro do universo da liderança, dois tipos de líderes se destacam, conforme Balcão e Cordeiro (1979), citados por Gnoato, Spina e Spina (2012):

Líder Funcional: Este líder é aquele que exerce sua função de maneira prática e eficiente, focando nas necessidades do grupo e na integração das atividades para alcançar os objetivos. Seu papel é mais pragmático, e ele é seguido porque sabe atender as demandas dos liderados e garantir a coesão do grupo. O líder funcional é aquele que facilita a organização do trabalho e a comunicação dentro do grupo, sendo o porta-voz quando necessário. Ele é fundamental para a unidade e o progresso contínuo da equipe.

Líder Símbolo: Ao contrário do líder funcional, o líder símbolo se destaca por sua presença, mas sem uma relação funcional direta com os membros do grupo. Esse tipo de líder é frequentemente admirado ou venerado à distância, e sua imagem é amplificada pela mídia. Muitos grandes líderes históricos, como figuras políticas ou empresariais, podem ser considerados líderes símbolos. Eles são percebidos como figuras poderosas, mas a distância entre eles e seus seguidores é grande, e a relação de liderança é quase simbólica. Para quem está perto desses líderes, o aspecto funcional da liderança pode ser muito mais evidente.

A liderança sob diferentes ópticas

É importante notar que a percepção de um líder pode variar dependendo da proximidade que as pessoas têm com ele. Para aqueles que estão mais distantes, ele pode parecer distante e inacessível, simbolizando autoridade e poder. Já para quem está mais perto, o líder pode ser visto de forma mais prática, como alguém que desempenha funções organizacionais importantes, ajudando a coordenar as atividades do grupo e a promover o sucesso.

A liderança não é uma fórmula fixa, mas um conceito multifacetado que pode se apresentar de maneiras diferentes dependendo do contexto e da dinâmica do grupo. E é isso que torna a liderança um tema tão fascinante e complexo.

Teorias de liderança: três grandes grupos

Para entender melhor a liderança, Chiavenato (2000) classifica as teorias sobre o tema em três grupos principais:

Teorias dos Traços de Personalidade: Essas teorias sugerem que certos traços de personalidade, como confiança, inteligência, determinação e carisma, são características comuns dos líderes. No entanto, elas não explicam como essas características são desenvolvidas ou como se aplicam a diferentes situações.

Estilos de Liderança: Aqui, a ênfase está em como o líder se comporta em relação à sua equipe. Existem diferentes estilos, como o líder autocrático, democrático ou laissez-faire, e cada estilo pode ser mais ou menos eficaz dependendo da situação e da cultura organizacional.

Teoria da Liderança Situacional (Teoria Contingencial): Essa teoria argumenta que não há um estilo de liderança único que funcione para todas as situações. O líder deve ser capaz de adaptar seu comportamento conforme o contexto, as necessidades do grupo e os desafios que surgem.

A liderança é dinâmica e adaptável

A liderança não é um conceito fixo, mas um processo dinâmico que se adapta às circunstâncias. Seja como líder funcional, capaz de garantir o sucesso do grupo através de ações práticas, ou como líder símbolo, cujas qualidades são admiradas à distância, a liderança é uma habilidade que pode ser desenvolvida e moldada conforme o contexto.

Compreender os diferentes tipos de liderança e as teorias que os sustentam nos ajuda a perceber que, em um mundo em constante mudança, os líderes mais eficazes são aqueles que sabem se adaptar às novas demandas e desafios. A liderança, afinal, é uma prática contínua de autodescoberta e adaptação.

Teorias de traços de personalidade na liderança: o que torna alguém um líder?

A teoria dos traços de personalidade é uma das abordagens mais antigas no estudo da liderança. Segundo Chiavenato, "um traço é uma qualidade ou característica distintiva da personalidade", e essa teoria sugere que líderes possuem traços específicos que os distinguem das outras pessoas.

Durante muito tempo, a ideia central dessa teoria era de que o líder nasce com essas qualidades inatas. Pensava-se que a influência exercida pelos líderes dependia de traços como características físicas (como aparência e força), habilidades intelectuais (inteligência acima da média, conhecimentos e comunicação) e até aspectos da personalidade (autoconfiança, controle emocional, e flexibilidade comportamental).

O líder é nascente ou formado?

Embora essa abordagem tenha sido bastante popular, pesquisas mais recentes mostram que não existem traços fixos e definitivos que garantam o sucesso de um líder. Embora algumas qualidades, como flexibilidade para ajustar o comportamento conforme a situação, aumentem as chances de uma pessoa se tornar um líder eficaz, nenhum traço isolado assegura o sucesso universal em todos os contextos ou culturas.

Por exemplo, traços como sabedoria, carisma e coragem foram frequentemente associados aos líderes, mas a realidade mostrou que a eficácia de um líder depende mais de como ele aplica esses traços de forma dinâmica e adaptativa, e não apenas da posse dessas características.

Portanto, a Teoria dos Traços de Personalidade aponta para probabilidades e não para certezas absolutas sobre quem será um bom líder.

Teoria dos estilos de liderança: como o líder se relaciona com sua equipe?

A Teoria dos Estilos de Liderança se concentra mais na forma como o líder se relaciona com seus liderados e como ele organiza as tarefas e motiva sua equipe. Diferente da teoria dos traços, que destaca as qualidades do líder, essa teoria foca no comportamento do líder, ou seja, em como ele executa suas funções e como a equipe responde a ele.

A evolução da liderança: do comando para a cooperação

Segundo Maximiano (2000), o estilo de liderança é o reflexo da filosofia, personalidade e experiência do líder. De acordo com essa teoria, qualquer pessoa pode ser treinada para exercer a função de líder. Isso se alinha ao movimento humanista na administração, que surgiu como uma resposta às abordagens mais rígidas da teoria clássica de administração, que se concentrava principalmente no desempenho de tarefas para aumentar a produção.

A Teoria dos Estilos de Liderança foi inspirada no conceito de relações interpessoais e se contrapôs à ênfase na produção da administração científica de Taylor. Ela defende que, para alcançar um desempenho organizacional eficaz, os líderes devem ser capazes de equilibrar o desenvolvimento das tarefas de produção com o crescimento pessoal dos trabalhadores.

Os diferentes estilos de liderança

De acordo com a Teoria dos Estilos de Liderança, o líder pode adotar diferentes abordagens, dependendo das necessidades do grupo e da situação:

Líder Autocrático: Toma decisões de forma centralizada, sem consultar muito a equipe. Funciona bem em situações de urgência, mas pode reduzir a motivação a longo prazo.

Líder Democrático: Envolvem a equipe nas decisões e encorajam a participação. Esse estilo geralmente resulta em maior satisfação e colaboração no grupo.

Líder Laissez-faire: Dá liberdade para os membros da equipe decidirem e realizarem seu trabalho de forma independente. Ideal para equipes altamente qualificadas, mas pode falhar em contextos que exigem mais direção.

Liderança é um equilíbrio entre traços e estilos

Enquanto a Teoria do Traço nos diz que certos traços de personalidade podem aumentar as chances de alguém se tornar um líder, a Teoria dos Estilos de Liderança nos mostra que a maneira como o líder se relaciona com sua equipe e lida com os desafios é igualmente crucial.

Ambas as teorias têm seus méritos, e a liderança eficaz provavelmente resulta da combinação de características pessoais e habilidades adquiridas, junto com a capacidade de adaptar o estilo de liderança às diferentes situações e necessidades da equipe.

Estilos de liderança: vantagens e desvantagens

Cada líder adota um estilo de liderança baseado na sua visão, experiência e nas necessidades da sua equipe. Abaixo, comparamos diferentes estilos de liderança, destacando suas principais vantagens e desvantagens.

Tabela 1: Estilos de liderança: vantagens e desvantagens

Estilo de Liderança

Descrição

Vantagens

Desvantagens

Líder Autocrático

O líder centraliza as decisões e impõe suas ordens ao grupo, sem considerar a opinião da equipe. Esse estilo tende a gerar tensões no ambiente de trabalho.

- O poder está concentrado em uma única pessoa, permitindo decisões rápidas.
 - O líder guia a equipe sem dispersões, garantindo foco.

- Provoca tensão, frustração e agressividade.
 - Não promove espontaneidade ou iniciativa da equipe.
 - Impede a formação de laços de amizade no grupo.

Líder Liberal

Este líder delega totalmente as decisões ao grupo, proporcionando liberdade total e sem controle. Pode gerar um ambiente de individualismo.

- Menos carga de trabalho para o líder, que tem mais tempo livre.
 - Geralmente é muito querido pela equipe.
 - Estimula relações interpessoais.

- Fomenta o individualismo, prejudicando a coesão do grupo.
 - Pode resultar em pouco respeito pelo líder.
 - Falta de participação nas decisões, levando à desorganização.

Líder Democrático

O líder conduz e orienta o grupo, incentivando a participação ativa de todos na tomada de decisões, criando um ambiente colaborativo.

- Promove a participação e a colaboração entre os membros.
 - Cria um ambiente de trabalho positivo e cordial.
 - O trabalho flui suavemente, mesmo na ausência do líder.

- A tomada de decisão pode ser lenta devido à necessidade de discutir muitas opiniões.
 - Em momentos críticos, o processo de decisão pode prejudicar a eficácia.

Líder Transformacional

Líder que inspira e motiva sua equipe a alcançar seu máximo potencial, transformando-os em ativos valiosos para a organização.

- Capacidade de motivar e engajar os trabalhadores.
 - Transforma os membros da equipe em pessoas proativas e comprometidas.

- A autonomia excessiva pode sobrecarregar os subordinados.
 - Se a reciprocidade não for alcançada, pode gerar insatisfações e riscos organizacionais.

Líder Carismático

Líder que possui grande poder de persuasão e consegue transformar o ambiente de trabalho, tornando-o mais dinâmico e entusiástico.

- Consegue influenciar facilmente sua equipe.
 - Vende suas ideias com flexibilidade e engajamento.

- Pode ultrapassar os limites da sua competência técnica ou legal.
 - A busca pela sua imagem pode prejudicar o foco profissional e a ética.

Líder Formador

O líder cujo principal objetivo é cultivar novos líderes dentro da organização, ajudando seus seguidores a alcançar o sucesso.

- Foca no desenvolvimento e sucesso dos outros.
 - Torna-se uma fonte constante de inspiração para sua equipe.

- Pode haver frustração caso seus seguidores não atinjam os resultados esperados.
 - A perda de seguidores ou insucessos podem minar sua autoridade.

Liderança Situacional

O líder adapta seu estilo de liderança de acordo com as necessidades da situação e da equipe, ajustando seu comportamento conforme o ambiente.

- Flexível e adaptável, pode agir rapidamente nas situações.
 - Intervém de forma eficaz e imediata em diferentes contextos.

- Pode confundir seu papel com o dos trabalhadores, tornando a hierarquia menos clara.
 - Exige muito tempo e esforço para ajustar-se constantemente às circunstâncias.

Líder Paternalista

Líder que se preocupa com o bem-estar e a vida pessoal dos colaboradores, se envolvendo profundamente nas questões afetivas e emocionais da equipe.

- Tem grande conhecimento dos membros da equipe, o que pode gerar confiança.
 - Mantém-se atento aos problemas pessoais e emocionais de seus colaboradores.

- Pode gerar desconforto entre os membros, que não desejam tanta interferência.
 - Gasta tempo excessivo resolvendo questões pessoais, prejudicando a produtividade
.


Reflexões finais

Cada estilo de liderança tem várias vantagens e desvantagens dependendo do contexto e da equipe que o líder está gerenciando. A chave é identificar qual estilo de liderança se adapta melhor às necessidades da equipe e aos objetivos organizacionais. Em muitas situações, o líder eficaz consegue combinar diferentes abordagens para atender às demandas da situação e da equipe, ajustando seu estilo conforme necessário.

A distinção entre líderes e chefes é um tema fundamental nas organizações e no campo da gestão, e é bastante interessante quando se observa as diferentes abordagens que essas duas figuras podem ter sobre como conduzir uma equipe e alcançar os objetivos organizacionais.

A pesquisa de Treis (2017) e os conceitos de Maxwell (2008) e Hunter (2006) fornecem uma base clara para compreendermos essa diferenciação. Vamos reorganizar e complementar essas ideias com base nas comparações apresentadas.

Líder x Chefe: as diferenças e seus reflexos

De acordo com Treis (2017), a principal diferença entre líderes e chefes reside em suas atitudes, abordagens e objetivos. Embora ambos possam ocupar posições de autoridade dentro de uma organização, a forma como conduzem suas equipes é radicalmente diferente.

Tabela 2: Quadro Comparativo entre Líderes e Chefes

Aspecto

Líder

Chefe

Posição

Pode ser qualquer pessoa dentro de um grupo, não necessariamente um cargo alto na empresa. Sua liderança é natural.

Está em uma posição hierárquica mais elevada, com autoridade de gerenciamento dentro da organização.

Qualidades e Características

Seu desempenho é moldado por suas qualidades e características pessoais, como motivação, empatia e visão estratégica.

O chefe é reconhecido pela posição hierárquica, experiência ou aptidão para o cargo, mas não necessariamente por habilidades de liderança.

Objetivos e Metas

Apresenta e comunica os objetivos da empresa para a equipe, busca o progresso por meio da motivação.

Está mais focado no gerenciamento, cumprindo suas responsabilidades com base em poder e autoridade.

Abordagem ao Trabalho

Utiliza metas e estratégias de forma motivadora, com a participação ativa da equipe.

Pode procrastinar ou não ter um envolvimento ativo na execução das tarefas, baseando-se mais no poder da posição.

Interação com a Equipe

O líder treina e desenvolve sua equipe, buscando entusiasmo e colaboração. Ele reconhece e corrige falhas em conjunto com o time.

O chefe dirige seus subordinados, cobrando resultados e determinando culpados sem trabalhar diretamente nas soluções com a equipe.

Estilo de Comunicação

Estimula a participação e o comprometimento do grupo, inspirando confiança e união.

Foca em emitir ordens, estabelecer distâncias e, muitas vezes, utilizar a autoridade como forma de manter a disciplina.

Responsabilidade e Sucesso

O líder visa o sucesso coletivo, com o foco no desenvolvimento do time, sempre em busca de melhorar o desempenho de todos.

O chefe tende a centralizar a responsabilidade, buscando resultados em benefício próprio, e muitas vezes evita assumir erros ou responsabilidades.

Principais reflexos das posições de líder x chefe

Motivação e Engajamento:

Líderes têm a capacidade de inspirar e motivar suas equipes, promovendo um ambiente de trabalho onde todos se sentem responsáveis pelo sucesso do grupo. Eles treinam seus subordinados para que cresçam juntos, reconhecendo o potencial de cada um e ajustando sua abordagem conforme as necessidades.

Chefes, por outro lado, podem focar em impor sua autoridade e exigir resultados sem considerar o impacto que isso tem na moral ou no engajamento da equipe.

Responsabilidade e Colaboração:

O líder preza pela colaboração e pelo suporte mútuo, enfatizando a importância de trabalhar em conjunto para alcançar os objetivos. Quando algo dá errado, o líder tenta entender o que pode ser feito para melhorar o processo e ajudar todos a aprender com os erros.

O chefe, muitas vezes, evita responsabilidades e prefere culpar outros quando as coisas não saem como o esperado, prejudicando a confiança e o respeito dentro da equipe.

Desenvolvimento e Crescimento:

Líderes buscam o desenvolvimento contínuo da equipe, proporcionando oportunidades de crescimento e capacitação, tanto para si mesmos quanto para os membros da equipe. Eles investem no futuro do grupo e trabalham para formar outros líderes.

Chefes, em muitos casos, estão mais focados em resultados imediatos e podem negligenciar o desenvolvimento contínuo dos membros de sua equipe, o que pode gerar um ambiente de trabalho estagnado e com pouca motivação. 

Tomada de Decisão e Planejamento:

Líderes geralmente tomam decisões participativas e coletivas, buscando a opinião da equipe e ouvindo diferentes pontos de vista. Isso ajuda a aumentar o comprometimento e o alinhamento do time com os objetivos organizacionais.

Chefes tomam decisões unilaterais com base em sua autoridade, e a comunicação muitas vezes é mais vertical, sem considerar o impacto das decisões sobre o bem-estar ou a motivação dos subordinados.

Conclusões: A importância de ser líder nos tempos atuais

A diferenciação entre líderes e chefes vai além de uma simples questão de posição hierárquica. Líderes eficazes são aqueles que conseguem inspirar, motivar e desenvolver suas equipes, transformando suas organizações em ambientes mais colaborativos e produtivos. Eles sabem que o verdadeiro sucesso vem de trabalhar juntos e apoiar o crescimento de todos, não apenas de comandar de cima para baixo.

Por outro lado, os chefes, que muitas vezes se concentram no controle e na autoridade, podem acabar gerando um ambiente de trabalho tenso e desmotivante, onde a falta de empatia e colaboração prejudica o desempenho e a satisfação da equipe.

Portanto, as organizações modernas precisam não só de competências técnicas, mas principalmente de habilidades de liderança para alcançar resultados duradouros. O líder é aquele que inspira os outros a se tornarem melhores e a alcançar seu potencial máximo. Já o chefe, muitas vezes, foca apenas em obter resultados imediatos, sem considerar o impacto a longo prazo em sua equipe.

Leia mais sobre liderança na Wikipédia

Baixe aqui versão impressa

Referencias

Treis, M. (2017). As Diferenças entre Líderes X Chefes e os Reflexos dessas Posições. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 9. Ano 02, Vol. 06. pp 54-72, Dezembro de 2017.

Oliveira, G. et all. (2014). As Características Comportamentais que Diferem Chefes e Líderes. Revista de Administração do Sul do Pará (REASP) – FESAR – v. 1, n. 1, Jan/Abr.

Maxwell, J. C. (1947). Os quatro segredos do sucesso:Tudo o que você precisa saber sobre liderança, capacitação, atitude e relacionamento. Tradução para português Fernandes, V. L. D. & Camargo,J.( 2015). Rio de Janeiro: Vida Melhor.

Stach1, P. L. (2019). Autoconhecimento e Liderança: Desenvolvimento Profissional e Novos Comportamentos Influenciam na Gestão Organizacional. Revista académica do curso de administração V.01 N.02. Anais da XIV Jornada de Administração Da Unievangélica Tema: “O profissional da administração no contexto das grandes transformações”. De 18 a 22 de Novembro de 2019 – Anápolis-GO.

Drucker, P. F. (2001). Desafios gerenciais para o século XXI. São Paulo: Pioneira Thomson Learning.

Stettner, M. (2006). O manual do novo gerente. Tradução: Eduardo Refkalefsky. Rio de Janeiro: Sextante.

Chiavenato, I. (2000). Administração: Teoria, Processo e Prática. 3. São Paulo: Makron Books.

COHEN, Y. (2015). Por que chamar o século vinte de o "século dos chefes"?. Sociologia & Antropologia, Rio de Janeiro, v.05.03, p. 963–981. Disponível em: https://revistappgsa.ifcs.ufrj.br/wp-content/uploads/2015/12/v5n03_13.pdf.

Sant'Anna, A. S.; Campos, M. S.; & Lótfi, S. (2012). Liderança: O que pensam executivos brasileiros sobre o tema? São Paulo: (RAM, Rev. Adm. Mackenzie) 13, n. 6, ed. esp.. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ram/v13n6/a04v13n6.pdf.

Gnoato, G.;  Spina, A. C.; Spina, M. I. A. P. (2012). Psicologia das Organizações. Curitiba, PR : IESDE Brasil

 Maximiano, A. C. A. (2000). Teoria geral da administração: da escola científica à competitividade em economia globalizada. 5.ed. São Paulo: Atlas. 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Arte de ser si mesmo: um convite à autenticidade e ao encontro com o outro

Ciclone Jude deixa Lalaua sem transporte: Estradas destruídas e futuro incerto para a região

Lalaua revitaliza rua identidade: festival de Ottheka promete resgatar tradição em extinção