Remoção de vendedores informais próximos à Escola de Lalaua gera revolta e denúncias de discriminação

O governo distrital de Lalaua removeu nesta terça-feira, 1 de julho, os vendedores informais que atuavam nas proximidades da Escola Básica do distrito. A decisão, segundo as autoridades, foi motivada pela necessidade de garantir um ambiente escolar mais saudável e seguro, longe da poluição sonora e da venda de alimentos considerados impróprios.


Mercado novo
Sociedade civil dividida

Durante um debate na Rádio Comunitária Mirrupi, o comentarista Zito Custódio aplaudiu a medida, alegando que a actividade comercial prejudicava diretamente o processo de ensino e aprendizagem das crianças.

“A presença dos vendedores realmente impactava, direta ou indiretamente, o processo de prendizagem das crianças”, afirmou Custódio.

Zito defendeu que os comerciantes procurem alternativas mais adequadas e seguras para continuar suas atividades.

Direitos das crianças em primeiro lugar?

Para o defensor dos direitos humanos Alberto Carlos, a retirada era uma urgência. Segundo ele, os vendedores colocavam em risco os direitos básicos das crianças, especialmente no que diz respeito à saúde.

“Os direitos das crianças estavam a ser violados de forma brutal. Era necessário agir com firmeza”, disse.

Alberto apontou ainda a má gestão de resíduos no local, destacando a presença de águas negras e lixo a céu aberto.

Denúncias de seletividade e discriminação

Por outro lado, a decisão foi alvo de críticas por parte de alguns comerciantes e membros da comunidade. Ângelo Américo, conhecido como Mr. Muata, questionou a continuidade das atividades de alguns vendedores estrangeiros, enquanto os nacionais foram removidos.

“Fomos retirados, mas alguns comerciantes, conhecidos como ‘indianos’, continuam no local. Isso levanta dúvidas sobre a imparcialidade da ação”, criticou.

Muata argumenta ainda que não houve reclamações formais por parte dos pais ou da escola sobre os vendedores e pede que as autoridades revejam os critérios adotados.

Segurança e reintegração

Uma equipe de reportagem visitou o local na quarta-feira (2) e constatou que a maioria dos vendedores havia deixado a zona escolar. No entanto, alguns permanecem e outros se reposicionaram ao longo da estrada principal, o que levanta novas preocupações sobre segurança.

“Será que essa nova localização não coloca ainda mais em risco a vida desses vendedores?”, questiona um morador.

Apelo por políticas públicas mais equilibradas

Alberto Carlos pede ao governo de modo a considerar o retorno das fornecedoras de lanche escolar às crianças, antes assegurado por algumas das comerciantes agora removidas.

“Pedimos que o governo devolva o lanche às crianças. É uma questão impertativa”, concluiu Alberto Carlos .

Local abandonado
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